sábado, 29 de junho de 2013

EXCELÊNCIA, RIGOR E CRUELDADE



Quanto Vale a Excelência



Outro aspecto bastante significativo que mereceu tratamento e destaque na análise de Jim Collins, foi o sistema de remuneração de executivos. Constatou-se que, nas empresas que passaram de “boas” a “grandiosas”, não há um padrão de remuneração ou premiação que possa ser considerado uniforme: alguns recebiam grandes salários; outros recebiam incentivos adicionais, como por exemplo, ações. Tal disparidade, no entende de Collins, evidencia que a qualidade do trabalho dos bons executivos é sempre excepcional, sua ética de trabalho os impele a buscar a excelência por si mesma, sem dar ao sistema de incentivos uma importância maior do que a merecida. 

Crueldade x Rigor

O livro todo apresenta lições de extrema importância para o executivo moderno. Independentemente de muitas delas terem sido extraídas do mercado Americano como alguns críticos fazem questão de lembrar, ainda assim é perfeitamente aplicável à nossa realidade. Uma das lições que mais chamou a nossa atenção durante a leitura e fichamento foi a distinção que o autor faz da importância em diferenciar crueldade de rigor. Este ponto é nevrálgico para a realidade do executivo brasileiro que, não raramente, confunde os tratamentos e constantemente cai em armadilhas. Veja abaixo o exemplo citado por Collins e conclua você mesmo:

É cruel despedir pessoas sem motivo ou consideração, no entanto, as empresas rigorosas, ao contrário, baseiam-se em padrões que aplicam de maneira uniforme em todos os níveis da organização e em qualquer época. Em 1986, quando o Wells Fargo adquiriu o Crocker Bank, era fácil notar as diferenças entre as duas empresas: o Wells Fargo tinha uma cultura espartana; o pessoal do Crocker estava acostumado ao luxo. A cúpula do Wells Fargo chegou à conclusão de que a integração seria impossível, de modo que a primeira medida após a fusão foi demitir 1,6 mil gerentes do Crocker. 

Nesse ponto, salienta Collins, foi fundamental distinguir entre crueldade e rigor. À primeira vista, a decisão do Wells Fargo de demitir 1,6 mil gerentes do Crocker parecia cruel, mas os gerentes do Crocker certamente não estavam à altura de seus pares do Wells Fargo e, de qualquer forma, acabariam deixando a empresa. Os executivos entrevistados afirmaram que era melhor evitar a agonia e demiti-los de imediato, para que pudessem iniciar outra etapa profissional o quanto antes. 

De fato, os dados coletados demonstraram que, durante os períodos pesquisados, as empresas do grupo de concorrentes diretos demitiram cinco vezes mais. Quando houve a desregulamentação bancária Americana, por exemplo, o Wells Fargo demitiu a metade do número de funcionários dispensados pelo Bank of America.

Conclusão: A partir do momento em que começar por pessoas passa a ser a estratégia principal, adaptar às mudanças constantes passa a fazer parte da rotina de sua organização. Ou seja, pessoas certas nos lugares certos, lideradas por um Executivo de Nível 5 cuja ética sempre os impele a buscar a excelência por si mesma, sem dar ao sistema de remuneração ou de incentivos importância maior do que a merecida. São os sinais claros, segundo Collins, de que você tem um caminho promissor pela frente na luta por transformar sua organização de “boa” em “grandiosa”. Distinguir entre crueldade e rigor passa a ser obrigatório, não há espaço para a inadequação de culturas, mas também não há espaço para a crueldade ou a injustiça. A organização grandiosa utilizando recursos e habilidade gerencial de um Executivo de Nível 5, sabe perfeitamente distinguir uma decisão cruel de uma rigorosa e sabe claramente o preço de uma decisão sem rigor necessário.