A Formação da Estratégia: Processo Visionário
O conceito central da Escola
Empreendedora é a visão, ou seja, praticamente uma representação mental de
estratégia, criada ou ao menos expressa na cabeça de um líder. Essa visão serve
como inspiração e também como um senso daquilo que precisa ser feito. Trata-se
de uma ideia guia, fiel ao seu rótulo, essa visão tende a ser mais uma espécie
de imagem do que um plano plenamente articulado em palavras ou números. Isso o
deixa flexível, de forma que o líder pode adaptá-lo às suas experiências.
Sugere que a estratégia empreendedora é, ao mesmo tempo, deliberada e
emergente: deliberada em suas linhas amplas e seu senso de direção, emergente
em seus detalhes para que estes possam ser adaptados durante o curso.
Em certo sentido a Escola Empreendedora, como a de posicionamento nasceu da Economia. O empreendedor tem papel proeminente na teoria econômica neoclássica. Seu papel, entretanto, era limitado a decidir quais quantidades produzir e a que preços. A dinâmica competitiva cuidava do resto.
Em certo sentido a Escola Empreendedora, como a de posicionamento nasceu da Economia. O empreendedor tem papel proeminente na teoria econômica neoclássica. Seu papel, entretanto, era limitado a decidir quais quantidades produzir e a que preços. A dinâmica competitiva cuidava do resto.
Existiam economistas que
consideravam esta visão estreita do empreendedor uma grande falha da Economia.
Karl Marx, estranhamente, foi um deles. Ele elogiava os empreendedores como
agentes de mudanças econômicas e tecnológicas, mas criticava fortemente seu
impacto sobre a sociedade em geral.
Mas nem todos concordaram com
esta interpretação. Knight (1967) via o espírito empreendedor como sinônimo de
risco pesado e manuseio da incerteza. Logo, um empreendedor pode ser o fundador
de uma organização, o gerente da sua própria empresa, ou o líder inovativo de
uma organização de propriedade de outros. Cole (1959), outro economista, que
popularizou a expressão "golpe ousado" para captar o ato do espírito
empreendedor, mencionou quatro tipos de empreendedores: o inventor calculista,
o inovador inspirativo, o promotor superotimista e o construtor de um empreendimento
forte.
A literatura da Escola Empreendedora
E assim coube à área gerencial
desenvolver a Escola Empreendedora, embora este trabalho nunca tenha
representado mais que algumas gotas de escrita e pesquisa, com ocasionais e
breves ondas de atenção. Os defensores desta escola viam a "liderança
personalizada" baseada na visão estratégica, como a chave para o sucesso
organizacional. Embora o "espírito empreendedor" fosse originalmente
associado com os criadores de seus próprios negócios, a palavra foi
gradualmente ampliada para descrever várias formas de liderança personalizada,
pró-ativa e determinada em organizações. Outro termo cunhado mais recentemente,
descreve as pessoas que tomam iniciativas estratégicas dentro de grandes
organizações, rotulando-as de empreendedores internos.
De todos os escritos a respeito
de espírito empreendedor, a grande maioria tem sido popular - no espírito da
visão de gerência do "grande líder" - e pode ser encontrada na imprensa
popular ou nas biografias e autobiografias de famosos figurões da Indústria e
outros líderes notáveis. O espírito empreendedor pode, por exemplo, ser
acompanhado a cada duas semanas na Fortune, uma revista que tende a atribuir o
sucesso nos negócios à visão e ao comportamento pessoal do líder heróico.
Se o espírito empreendedor
engloba realmente as decisões, visões e intuições do Indivíduo Isolado, então
Além de pesquisar a cognição individual do ponto de vista psicológico (o
assunto da pró-escola), é razoável pensar que as coisas mais óbvias a estudar
são os traços dos empreendedores bem-sucedidos. Em um livro intitulado The Organization Makers, Collins e Moore
(1970) apresentaram um quadro fascinante do empreendedor independente, com base
no estudo de 150 deles. Os autores acompanharam suas vidas desde a infância,
através da educação formal e Informal, até os passos que eles deram para criar
seus empreendimentos. Dados de testes psicológicos reforçaram suas análises. O
que emergiu é um retrato de pessoas duras e pragmáticas, levadas desde a
Infância por poderosas necessidades de realização e independência.
Liderança visionária
Para escolher uma direção, um
líder precisa ter desenvolvido antes uma imagem mental de um futuro estado,
possível e desejável, da organização. Esta imagem, que chamamos de visão, pode
ser vaga como um sonho ou precisa como uma declaração de meta ou de missão. O
ponto crítico é que uma visão articula uma expectativa de um futuro realista,
digno de crédito e atraente para a organização, uma condição melhor, em alguns
aspectos Importantes, que aquela atualmente existente.
Uma visão sempre se refere a um
estado futuro, uma condição que não existe no presente e nunca existiu antes.
Com uma visão, o líder provê a importante ponte do presente para o futuro da
organização.
Com foco sobre a visão, o líder
opera sobre os recursos emocionais e espirituais da organização, sobre seus
valores, seu compromisso e suas aspirações. Já o executivo opera sobre os
recursos físicos da organização: o capital, as habilidades humanas, as matérias-primas
e a tecnologia.
Se existe uma centelha de
generalidade na função de líder, ela deve estar em sua capacidade
transcendente, uma espécie de magia, para formar, a partir da variedade de
imagens, sinais, previsões e alternativas, uma visão claramente articulada do
futuro que seja, ao mesmo tempo, simples, facilmente entendida, claramente
desejável e energizante.
VISÃO COMO DRAMA
É claro que administração não é
teatro. O líder que se torna ator, desempenhando um papel que não vive, está
destinado a cair em desgraça. É o sentimento genuíno por trás daquilo que o
líder diz e faz que torna a liderança visionária e é o que torna impossível
traduzir essa liderança em uma fórmula. Assim, liderança visionária é estilo e
estratégia ao mesmo tempo, é drama, mas nunca representação.
Premissas da escola
empreendedora
1. A estratégia existe na mente
do líder como perspectiva, especificamente um senso de direção a longo prazo,
uma visão do futuro da organização;
2. O processo de formação da
estratégia é, na melhor das hipóteses, semiconsciente, enraizado na experiência
e na intuição do líder, quer ele conceba a estratégia ou a adote de outros e a
interiorize em seu próprio comportamento;
3. O líder promove a visão de
maneira decidida, às vezes obsessiva, mantendo controle pessoal da
Implementação para ser capaz de reformular aspectos específicos, caso
necessário;
4. Portanto, a visão estratégica
é maleável e, assim, a estratégia empreendedora tende a ser deliberada e
emergente;
5. A organização é Igualmente
maleável, uma estrutura simples sensível às diretivas do líder; quer se trate
de uma nova empresa, uma empresa de propriedade de uma só pessoa ou uma
reformulação em uma organização grande e estabelecida, muitos procedimentos e
relacionamentos de poder são suspensos para conceder ao líder visionário
uma ampla liberdade de manobra;
6. A estratégia empreendedora
tende a assumir a forma de nicho, um ou mais bolsões de posição no mercado
protegidos contra as forças de concorrência direta.
Conclusão: A Escola Empreendedora enfatizou aspectos
críticos da formação de estratégia, em especial sua natureza pró-ativa e o papel
da liderança personalizada e da visão estratégica. É especialmente em seus
primeiros anos que as organizações se beneficiam com esse senso de direção e
integração. Ela mostra a formação da estratégia como sendo inteiramente calcada
no comportamento de um único indivíduo. Além disso, a Escola Empreendedora não
apresenta uma solução para o fato de comportamentos descritos como gloriosos e
estimulantes por alguns dos seus autores serem vistos como patológicos e
desmotivadores por outros.
Mais do que nunca a Escola Empreendedora mostra que, sob o espírito empreendedor, as decisões vitais ligadas à estratégia e às operações estão centralizadas na sala do executivo principal. Essa centralização pode assegurar que a resposta estratégica reflete o pleno conhecimento das operações. Ela, contudo, encoraja a flexibilidade e a adaptabilidade, mostrando que apenas uma pessoa precisa tomar a iniciativa. É preciso salientar que a abordagem empreendedora é arriscada, uma vez que se baseia na saúde e nos caprichos de uma pessoa, um ataque cardíaco pode literalmente varrer o estrategista-chave da organização. Não é à toa que Collins e Porras, em seu conhecido livro Built to Last (Feitas para Durar: já resenhado pelo Blog), sugerem que é melhor construir uma organização visionária do que se basear em um líder com visão. Como vimos na obra, os autores sugerem, baseado em minucioso estudo, que o papel do carisma no estabelecimento da visão é muito exagerado e que tentativas para substituir o carisma por solidez costumam ser destrutivas. O papel do líder para catalisar uma clara visão comum para a organização pode ser realizado por meio de uma ampla variedade de estilos gerenciais.
Mais do que nunca a Escola Empreendedora mostra que, sob o espírito empreendedor, as decisões vitais ligadas à estratégia e às operações estão centralizadas na sala do executivo principal. Essa centralização pode assegurar que a resposta estratégica reflete o pleno conhecimento das operações. Ela, contudo, encoraja a flexibilidade e a adaptabilidade, mostrando que apenas uma pessoa precisa tomar a iniciativa. É preciso salientar que a abordagem empreendedora é arriscada, uma vez que se baseia na saúde e nos caprichos de uma pessoa, um ataque cardíaco pode literalmente varrer o estrategista-chave da organização. Não é à toa que Collins e Porras, em seu conhecido livro Built to Last (Feitas para Durar: já resenhado pelo Blog), sugerem que é melhor construir uma organização visionária do que se basear em um líder com visão. Como vimos na obra, os autores sugerem, baseado em minucioso estudo, que o papel do carisma no estabelecimento da visão é muito exagerado e que tentativas para substituir o carisma por solidez costumam ser destrutivas. O papel do líder para catalisar uma clara visão comum para a organização pode ser realizado por meio de uma ampla variedade de estilos gerenciais.
4 comentários:
Muito boa sua matéria sobre a escola empreendedora.
Texto sucinto e muito esclarecedor.
Muito bom mesmo.
Tudo que precisava ler ☺️
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