A ideologia central, como vista
anteriormente, é considerada como um componente essencial de uma empresa visionária, mas por si só não é suficiente. É preciso que ela esteja
acompanhada de uma busca implacável pelo progresso capaz de induzir a
organização às mudanças e melhorias, desde que não afete a ideologia
central. A dificuldade está em confundir
a ideologia central com práticas específicas e não-centrais. Esta confusão pode
fazer com que as empresas mantenham-se fiéis durante muito tempo a itens
não-centrais – coisas que deveriam ser mudadas para que a empresa se adapte e
progrida.
Através da busca pelo progresso, uma empresa
visionária prova que reúne duas qualidades poderosas: autoconfiança e
autocrítica. A autoconfiança permite que metas audaciosas sejam estabelecidas e
que se tomem medidas ousadas, às vezes batendo de frente com a sabedoria
convencional do setor ou com a prudência estratégica. A autocrítica, por outro
lado, estimula a mudança e a melhoria auto-induzidas antes que o mundo exterior
imponha a necessidade de mudança e melhoria. A busca pelo progresso vem,
portanto, de dentro, exigindo a mudança contínua e o movimento para frente em
tudo que não diga respeito à ideologia central.
Os autores afirmam que é a partir da “Genialidade
do E” com cada elemento complementando e reforçando o outro, que coexiste nas
empresas visionárias o apego à ideologia e a busca pelo progresso:
• A ideologia central permite o
progresso através de uma base continua em torno da qual a empresa visionária
pode evoluir, fazer experiências e mudar. Deixando claro o que é o núcleo
(portanto relativamente fixo), uma empresa pode buscar com mais facilidade a
variação e o movimento em tudo aquilo que não fizer parte do núcleo;
• A busca pelo progresso permite
a existência da ideologia central, pois, sem a mudança contínua e o movimento
para frente, a empresa – que carrega o núcleo – ficará para trás num mundo em
constante mudança, deixando de ser forte ou talvez até de existir.
O ponto crucial é colocar o discurso em
prática, ter mecanismos concretos para preservar o núcleo e estimular o
progresso. São as transformações de intenções em itens concretos – mecanismos
que se encaixam – que fazem a diferença entre se tornar uma empresa visionária
ou ficar querendo para sempre. Esta é a essência da abordagem de dar as
ferramentas. O trecho abaixo esclarece o que ocorre em muitas empresas:
“[...] as
organizações costumam ter grandes intenções e visões inspiradoras para si
mesmas, mas não tomam a medida crucial de transformar suas intenções em itens
concretos. E o que é pior, muitas vezes elas toleram características
estratégicas e táticas organizacionais que não tem nada a ver com suas
intenções admiráveis, o que cria confusão e ceticismo.” (COLLINS; PORRAS, 1997,
p.52)
Conclusão: Transformar “intenções
em itens concretos”, traduzindo para o português corrente em nosso país,
significa: “parar de falar e fazer, agir”. As estratégias e
táticas elaboradas ou mesmo as intenções veladas em salas fechadas, precisam
ser implementadas, colocadas em prática, tanto por empreendedores quanto por
gestores. Procure extirpar a confusão e o ceticismo. Não permita, de maneira
nenhuma, que características estratégicas e táticas que não estejam alinhadas com a
visão central de sua organização, ocupe qualquer espaço.
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